Luciano Bravo, Mentor do Crédito Internacional, analisa as implicações da recente decisão da Câmara dos Deputados, que aprovou a taxação de 20% sobre encomendas internacionais de até 50 dólares. Com o texto agora aguardando análise no Senado e a sanção presidencial, o presidente Lula já indicou que pode vetar a medida. No entanto, a possibilidade de o Congresso derrubar alguns de seus vetos pode influenciar sua decisão final.
A introdução de uma taxa sobre encomendas internacionais pode ter várias ramificações no contexto do crédito internacional. Primeiramente, essa medida pode afetar diretamente o consumo de bens importados por consumidores brasileiros, o que, por sua vez, pode influenciar a balança comercial do país. A redução no consumo de produtos importados pode melhorar a posição da balança comercial, mas também pode reduzir a variedade e a disponibilidade de bens no mercado interno, impactando a inflação e o poder de compra dos consumidores.
Na semana que passou, o mercado foi surpreendido por dados do IPCA-15 de maio, que registrou uma alta de 0,51%, abaixo das expectativas do mercado de 0,65%. No entanto, o resultado primário do governo central, um déficit de R$ 31,8 bilhões em abril, foi pior do que a previsão média do mercado, que esperava um déficit de R$ 28 bilhões. Esses dados econômicos mistos indicam uma situação econômica volátil, na qual decisões como a taxação de encomendas estrangeiras podem ter efeitos amplificados.
A taxa Selic, atualmente em 13,75% ao ano, é um fator crítico que afeta o custo do crédito no Brasil. Uma medida de taxação de importações pode influenciar as expectativas de inflação, levando o Banco Central a ajustar a Selic para controlar a inflação, o que por sua vez afetaria o custo do crédito e o crescimento econômico.
Além disso, a nova presidente da Petrobras, Magda Chambriard, fez suas primeiras declarações públicas, recebendo uma reação positiva do mercado financeiro. Esta reação destaca a importância da confiança e estabilidade nas decisões econômicas e políticas, o que é crucial para o ambiente de crédito internacional. A estabilidade na liderança de empresas estatais importantes, como a Petrobras, pode fortalecer a percepção de risco do país e influenciar as taxas de juros de empréstimos e financiamentos internacionais.
Luciano Bravo destaca que a expectativa pelo resultado do PIB do primeiro trimestre do Brasil, que será divulgado na próxima semana, será um indicador importante para avaliar o impacto econômico dessas medidas e decisões. “A previsão atual do mercado para o crescimento do PIB no primeiro trimestre é de 0,8%, um número que, se confirmado, pode suavizar as preocupações sobre a taxação de encomendas e seus impactos potenciais. Contudo, um PIB abaixo dessa expectativa pode exacerbar as incertezas e dificuldades econômicas”, explica.
A decisão de Lula sobre vetar ou não a taxação de encomendas estrangeiras tem implicações significativas não apenas para os consumidores e o mercado interno, mas também para a percepção internacional do Brasil como um mercado aberto e previsível. As políticas econômicas, incluindo a tributação de importações, são fatores cruciais que influenciam a confiança dos investidores estrangeiros e as condições de crédito internacional.
“As decisões políticas e econômicas atuais do governo brasileiro, incluindo a possível taxação de encomendas internacionais, afetam o ambiente de crédito internacional”, explica Luciano. A análise do Mentor sugere que a estabilidade, previsibilidade e confiança nas políticas governamentais são essenciais para manter um ambiente favorável ao crédito internacional e ao investimento estrangeiro no Brasil.