O déficit nas contas externas brasileiras mais que dobrou nos primeiros sete meses de 2024, atingindo US$ 25,6 bilhões, conforme divulgado pelo Banco Central nesta segunda-feira (26).
O aumento, em comparação com o rombo de US$ 12,5 bilhões no mesmo período do ano passado, é atribuído a uma deterioração na conta de serviços e a um superávit comercial.
O saldo negativo na conta de serviços, que engloba despesas com transportes, seguros, serviços financeiros e viagens internacionais, passou de US$ 22,2 bilhões, de janeiro a julho de 2023, para US$ 28,9 bilhões no mesmo período deste ano. Além disso, o superávit da balança comercial também recuou, somando US$ 44,7 bilhões, em comparação aos US$ 49,8 bilhões registrados no ano anterior, o que impactou negativamente o resultado das contas externas.
“Apesar do agravamento do déficit, os investimentos estrangeiros diretos na economia brasileira cresceram 20% no mesmo período”, explica Luciano Bravo, CEO da Inteligência Comercial. O montante total é de US$ 45,07 bilhões até julho de 2024.
“Esse valor foi suficiente para financiar o rombo das contas externas, sustentando a estabilidade econômica do país,” explica Luciano. Em julho, os estrangeiros aportaram US$ 7,3 bilhões, comparado aos US$ 7,1 bilhões registrados no mesmo mês do ano passado.
O Banco Central projeta que, até o fim de 2024, o déficit das contas externas poderá alcançar US$ 53 bilhões, enquanto os investimentos estrangeiros diretos devem atingir US$ 65 bilhões, superando o total de US$ 62 bilhões de 2023.
As despesas de brasileiros no exterior, influenciadas pelo nível de atividade econômica e a cotação do dólar, somaram US$ 8,4 bilhões até julho, um patamar semelhante ao do ano anterior.
“O cenário descrito pelo Banco Central evidencia um contraste significativo na economia brasileira. Enquanto o déficit nas contas externas aumenta, pressionando as finanças do país, o fluxo de investimentos estrangeiros diretos continua a desempenhar um papel crucial na sustentação da economia”, diz Luciano.
Os investimentos diretos no país (IDP), por exemplo, registraram ingressos líquidos de US$ 9,6 bilhões em março de 2024, ante US$ 7,3 bilhões em março de 2023. O resultado
é o melhor para o mês desde 2012, quando o país recebeu ingressos líquidos de US$ 14,9 bilhões, segundo a série histórica do BC, iniciada em 1995. O número também é o melhor desde agosto de 2022. Na época, o IDP era de R$ 9,7 bilhões.
“Este aporte de capital externo não só ajuda a compensar o rombo nas contas, mas também indica uma confiança internacional na resiliência e nas perspectivas de crescimento do Brasil, apesar das adversidades econômicas”, finaliza Luciano.